Afastou com suas manias características, e demorou, pois não foram somente alguns móveis em sua sala de estar sob um tapete no centro. A noite os organizava pregando etiquetas coloridas e fazia um jogo de adivinhação em sua cabeça. Em todas as manhãs era surpreendido com os dizeres, retirava então as etiquetas e se perguntava o por que de não tê-las comprado em outras cores.
Com cuidado, removia o excesso de cola que grudara nas lâminas que imitavam alguma madeira nobre, aquecia uma chaleira de água e a utilizava com detergente antes de lustrar as suas preciosas aquisições. Não as tocava mais.
Lembrou-se de como crianças podem ser cruéis, mas não conseguia recordar algum fato que indicasse que sua infância fora dessa maneira, os rostos dos colegas, professores e amigos, não passavam de nomes e sobrenomes sem face. Mas, uma frase não lhe saia da mente: “Eu não gosto daqui, quero ir embora”. De alguma maneira aquilo lhe soara familiar, aquela voz de criança manhosa, tentava ao máximo se lembrar, e quando pressentia a recordação, estava lá outra vez, assoprando a fina camada de poeira e pregando novas etiquetas na desordem que criara.
Costumava ler, escrever e se comunicar, enquanto encarava a estante cheia de manuscritos, tentava perceber onde fora que perdeu o entusiasmo, ou seja lá o que em algum momento existiu. A lareira estava acesa quando decidiu agarrar um de seus troféus na estante, não se lembrara de ter lido aqueles títulos, sequer conseguia entender os garranchos nas escrituras. Já estava de noite, e não se recordou da última vez que vira o claro do dia.
Não possuía muitos bens, aliás, não possuía nenhum. Tudo fora adquirido seguindo seus princípios, nada lhe pertencia. - “É uma conquista da humanidade” - diria em algum momento passado. Mas, já não fazia idéia da origem de tais coisas e se questionava se elas realmente lhe eram de direito.
Com cuidado, removia o excesso de cola que grudara nas lâminas que imitavam alguma madeira nobre, aquecia uma chaleira de água e a utilizava com detergente antes de lustrar as suas preciosas aquisições. Não as tocava mais.
Lembrou-se de como crianças podem ser cruéis, mas não conseguia recordar algum fato que indicasse que sua infância fora dessa maneira, os rostos dos colegas, professores e amigos, não passavam de nomes e sobrenomes sem face. Mas, uma frase não lhe saia da mente: “Eu não gosto daqui, quero ir embora”. De alguma maneira aquilo lhe soara familiar, aquela voz de criança manhosa, tentava ao máximo se lembrar, e quando pressentia a recordação, estava lá outra vez, assoprando a fina camada de poeira e pregando novas etiquetas na desordem que criara.
Costumava ler, escrever e se comunicar, enquanto encarava a estante cheia de manuscritos, tentava perceber onde fora que perdeu o entusiasmo, ou seja lá o que em algum momento existiu. A lareira estava acesa quando decidiu agarrar um de seus troféus na estante, não se lembrara de ter lido aqueles títulos, sequer conseguia entender os garranchos nas escrituras. Já estava de noite, e não se recordou da última vez que vira o claro do dia.
Não possuía muitos bens, aliás, não possuía nenhum. Tudo fora adquirido seguindo seus princípios, nada lhe pertencia. - “É uma conquista da humanidade” - diria em algum momento passado. Mas, já não fazia idéia da origem de tais coisas e se questionava se elas realmente lhe eram de direito.